Bob Egelko, San Francisco Chronicle, 25.3.2011
tradução de Edu Montesanti
A administração do presidente George W. Bush “usava repetidamente as leis de imigração como forma de censurar o debate acadêmico e político dentro dos Estados Unidos”, disse Jaffer.
Uma proeminente feminista, crítica da guerra do Afeganistão, obteve visto de entrada aos Estados Unidos quinta-feira – pela mesma agência do Departamento de Estado que o havia negado semana passada – e iniciou tardiamente para uma turnê que está programada para encerrar em San Francisco.
O caso de Malalai Joya é o último de vários em que a administração Obama, após recusa inicial, permite a visita de um estrangeiro que critica as políticas dos Estados Unidos ou de seus aliados.
A administração “não se envolve em prática de exclusão ideológica”, disse o assessor jurídico do Departamento de Estado, Harold Koh, em dezembro através de carta à American Civil Liberties Union (ACLU), que apoiou Joya e outros, cujas visitas foram negadas. O advogado da ACLU, Jameel Jaffer, disse que a administração, em grande parte, foi fiel ao seu comrpomisso.
A administração do presidente George W. Bush “usava repetidamente as leis de imigração como forma de censurar o debate acadêmico e político dentro dos Estados Unidos”, disse Jaffer. “Certamente, foi uma mudança muito positiva nestas questões”.
Hollman Morris, jornalista colombiano e crítico do governo de seu país apoiado pelos EUA, foi admitido para um programa acadêmico no verão passado, após os funcionários consulares, inicialmente, terem negado-lhe visto. Omar Barghouti, ativista palestino e defensor de um boicote econômico a Israel, recebeu visto sexta-feira, após uma campanha de apoio chefiada pela Jewish Voice for Peace (Voz Judaica para a Paz), em Oakland.
Joya, 32, foi eleita para o parlamento do Afeganistão em 2005. Em uma conflituosa reunião de 2006, acabou suspensa, agredida e ameaçada de morte após apontar os outros membros como senhores da guerra e criminosos. Ela também denunciou a guerra liderada pelos EUA em seu país.
Joya fora aprovada a quatro visitas anteriores aos Estados Unidos, e na última vez que falou na Bay Area, em outubro de 2009. Preparando-se para um período de três semanas de turnê nos EUA, para promover seu livro “Uma Mulher entre os Senhores da Guerra”, solicitara visto em um consulado dos EUA a 16 de março, e foi recusada.
O funcionário consular disse que ela era inelegível, porque estava desempregada e “vivia escondida” [jurada de morte pelos senhores da guerra e talibans], o que fazia que ela, desde seu paía, não tivesse meios de ser apoiada para sua viagem, e deste modo não poderia voltar a sua terra natal, disse o co-autor de Joya, Derrick O’Keefe, que falou com ela depois do incidente. Quando ela tentou explicar sua situação, disse ele, disseram-lhe que “eles sabiam exatamente quem era ela, e que ela não estava entenendo”.
Apoiantes levantaram uma campanha de protesto que incluiu cartas da ACLU, de grupos de escritores e acadêmicos, além de nove membros do Congresso e uma enxurrada de telefonemas ao Departamento de Estado, nesta quarta-feira.
Na quinta-feira, os funcionários consulares permitiram que Joya fizesse novo requerimento, sem o período normal de espera, questionaram-na, e ela foi aprovada, disse Sonali Kolhatkar, co-diretora da Afghan Women´s Mission (Missão das Mulheres Afegãs) em Pasadena, quem organizou o apoio.
O Departamento de Estado disse que a recusa inicial a Joya não tinha nada a ver com suas opiniões, mas não deu mais detalhes do porquê. O porta-voz do Departamento de Mark Toner também se recusou a explicar mudança de quinta-feira, dizendo que os processos de visto são confidenciais.
Joya perdeu suas duas primeiras estadas programadas para Nova York e Washington, em vez disso aparecendo em vídeo. Ela tem conversa agendada na Igreja Episcopal São João Evangelista em São Francisco, dia 9 de abril, seguido de presença em um comício antiguerra na mesma cidade, no dia seguinte.